09/03/2011

ENTREVISTA PARA O JORNAL A TARDE E PARA O SITE CAMAÇARI ACONTECE




Em meio aos ensaios de Verão e à contagem regressiva para o Carnaval, um evento promete reunir muita gente que não dá a mínima para a folia momesca. É que neste final de semana (19 e 20 de fevereiro) acontece a 2ª Etapa do Circuito Sócio-Educativo de Skate, a partir das 13h, na pista pública dos Barris. São esperados cerca de mil skatistas profissionais, amadores ou simplesmente simpatizantes do esporte radical e da cultura hip hop. Quem for, ainda contará com a apresentação do MC Daganja, que fechará o evento.



Um dos organizadores do campeonato, o skatista Rodrigo Santil, 28, explica que criou o Circuito Sócio-Educativo (a primeira etapa aconteceu em agosto de 2010) com o objetivo sugerido pelo próprio nome: mostrar, principalmente aos novos skatistas, que o esporte é uma alternativa às drogas, e não o contrário.





“Frequento muito a pista pública dos Barris e aqui não há 
policiamento algum. Não digo que a simples presença dos policiais resolveria, mas inibiria, porque muitas crianças são atraídas para o tráfico e o consumo de drogas aqui”, revela.

Os skatistas profissionais que quiserem competir pagarão uma taxa de R$ 20, os amadores R$ 10 e as crianças que queiram participar competirão de graça. “Dou aula de skate em uma escola na Liberdade e já desviei vários meninos das drogas. É o lance (sic) do incentivo ao esporte mesmo”, afirma Santil.


Falta de apoio - Se tem uma coisa que skatista não tem em Salvador é incentivo. Esta é uma opinião quase unânime entre os que frequentam a pista pública dos Barris. “Acho que é uma mistura de falta de órgãos competentes, estrutura e organização. Esta pista, por exemplo, inaugurada há cinco anos, nunca teve manutenção da prefeitura. E está super defasada”, reclama o skatista — e chefe de cozinha — Jefferson “Coroa”, 30.

No total, existem três pistas públicas de skate em Salvador: uma no Imbuí, outra em Stella Maris e a dos Barris, mas, segundo os skatistas, só esta última é minimamente adequada. “É uma pista boa, mas fica muito aquém da que tem em Aracaju, que é quatro vezes maior”, argumenta Rodrigo, acrescentando que, além da falta de espaço, poucas empresas patrocinam eventos voltados para este público. “É o oitavo campeonato que organizo e sempre tenho que bater de porta em porta, tirar dinheiro do próprio bolso... É difícil”.

Preconceito - Se durante muito tempo o skatistas sofreram preconceito, principalmente por serem associados a negros, pobres e usuários de drogas, isso já mudou. Pelo menos na opinião do comerciante Paulo Gomes de Araújo que, há um ano, leva o filho de 10 anos, Solon Felipe, todos os dias à pista pública dos Barris para praticar o esporte.

“Nas férias, um amigo dele [João Miguel, também de 10 anos] que passava uns dias lá em casa também quis aprender. Aí comprei um skate pra ele. Não tem mais isso de preconceito, eu acho legal, incentivo mesmo. Estou até pensando em andar também, para ver se tiro essa barriga”, diverte-se.

Já Rodrigo diz que enfrentou preconceito do próprio pai, no início da carreira, mas que ele já mudou de ideia. “Me interessei por incentivo do meu irmão, que já andava no final da década de 80, mas eu comecei mesmo em 1998. Meu pai não gostava que os dois filhos dele fossem skatistas, tinha preconceito, queria que eu jogasse futebol, mas nunca quis. Hoje ele vai me ver competir”, sorri.

Questionado se a falta de incentivo, o preconceito, as drogas e as quedas não o desestimulam, ele responde que não, muito pelo contrário. “Eu já participei de uma competição em São Paulo e, na falta de dinheiro para voltar, vim pingando de carona em carona. Já fissurei o pé, quebrei o joelho duas vezes... Mas uma manobra bem realizada vale toda a dificuldade”, completa

                                              Larissa Oliveira, do A TARDE On Line

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